Hoje resolvi apresentar pra vocês uma nova perspectiva sobre amamentação, alergias alimentares e dieta restritiva.
Quando ouvi falar sobre APLV pela primeira vez, eu não imaginava que um dia essa condição clínica poderia impactar tanto a minha vida e de muitas maneiras. Pra quem ainda não sabe o que é APLV, eu explico: APLV é a sigla para alergia à proteína do leite de vaca.
Na verdade, eu aprendi algumas coisas sobre APLV quando comecei a aprofundar meus estudos sobre amamentação, antes da minha filha mais nova nascer. Nessa época, aprendi o quanto o leite materno é importante para as crianças com APLV (para saber mais sobre isso veja esse artigo da Helô Milano AQUI) e descobri que esse tipo de alergia pode interferir sobremaneira o processo de amamentação. Por isso, uma investigação cuidadosa, o acompanhamento profissional qualificado, o empoderamento familiar e uma dieta restritiva da mãe que amamenta se constituem como fatores fundamentais para as famílias que se vêem diante desse diagnóstico.
Curiosa que sou, entrei em grupos de mães de alérgicos, pra entender mais a fundo todo o quadro. Li centenas de relatos de mães que lutaram e ainda lutam contra as alergias alimentares de seus filhos. Quanta força, quanta resiliência e quanto empoderamento eu presenciei através das redes sociais! Mas eu presenciei muito sofrimento também.
Eu sabia que a dieta restritiva era determinante nesse processo para as mães que amamentavam, mas não tinha a menor ideia do que era, de fato, fazer uma dieta restritiva. Na minha cabeça de leiga, era tudo muito simples, era tirar o alérgeno e pronto. No caso da APLV era só tirar o leite e tava tudo certo.
Doce ilusão. Na teoria é isso, mas na prática…
Minha mais nova nasceu. Como muitxs de vocês sabem, ela nasceu com uma malformação renal e por isso com 30 dias e depois com 45 (e algumas outras vezes) precisou ser internada para tratar duas infecções urinárias. Cada internação rendia à nossa pequenota 15 dias de antibiótico pesado na veia. Um belo dia, fui trocar sua fralda e páaaa… sangue, muito sangue. Dias depois passei com a pediatra e relatei esse episódio e então ela cogitou a hipótese dela ter APLV. Eu não podia acreditar que, além de termos que encarar uma maratona por conta da sua malformação renal, eu teria que adequar minha dieta para fazermos o teste de exclusão. Mas mesmo sem acreditar, comecei a pesquisar sobre a dieta restritiva, afinal, desmamar pra mim não era uma opção.
Gente, excluir leite da dieta era algo surreal, porque quando você começa a ler os rótulos dos alimentos percebe que até o que não tem leite, tem leite. Mas como assim, tá louca Isa? Não, não tô. São os famosos traços. Quando um alimento sem leite é processado no mesmo maquinário de um alimento que contém leite, ele pode ter esses famosos traços de leite. E, claro, dependendo da criança, até esses traços de leite podem provocar reação. Bom, pra resumir, foram quase 3 meses nessa loucura de não saber exatamente o que comer, de me bater com receitas e tentando entender mais sobre esses quadros alérgicos.
Por fim, os sintomas da mesma forma que vieram, foram embora e muito provavelmente a sintomatologia dela não estava relacionada à uma possível alergia, mas aos efeitos dos antibióticos sobre o seu trato gastrointestinal imaturo, que ela tomava toda vez que era internada para tratamento das infecções urinárias. Mas e por que to contando toda essa história pra vocês? (afinal, no final deu tudo certo, né?!). Eu to escrevendo tudo isso pra mostrar pra vocês justamente os ensinamentos que essa história me trouxe e ainda me traz.
Experienciar tudo isso me trouxe essa nova perspectiva com relação à inclusão alimentar e é essa perspectiva que quero compartilhar aqui hoje com vocês.
Eu sempre amei comer. Porque comer não é só nutrição, comer é prazer, é aquele momento de ter família e amigos, tudo junto e misturado. E quando passei pela fase da dieta restritiva me senti perdida e sozinha. Por que, vamos combinar, quantos de nós se preocupam com a dieta restritiva alheia? A maioria das receitas às quais temos acesso tem ingredientes que são alérgenos em potencial. Tinha medo de novas receitas, não sabia exatamente o que podia ou não comer, não sabia como fazer comidas gostosas e que fossem efetivamente seguras pra minha pequena. E se eu me sentia insegura em comer a comida que eu mesma fazia, imagine só ir na casa de alguém que não tem restrição alimentar? A verdade é que eu estava infeliz. Aquele momento que sempre foi prazeroso pra mim havia se tornado uma tortura.
Agora pensa comigo: quantas famílias não passam por isso? Quantas famílias não se sentem perdidas diante dessa situação? Quantas famílias não se vêem obrigadas a se excluir socialmente com medo de que alguém ofereça um alimento potencialmente alergênico pro seu filho sem que você veja? (porque de verdade, entendi que embora as pessoas não façam isso por mal, elas fazem sem ter qualquer noção das consequências que isso pode trazer).
Além disso, e não menos importante: mesmo havendo orientação profissional, você pode até aprender o que deve tirar da dieta, mas, como fazê-lo? Como construir um contexto alimentar seguro, saudável e feliz diante das restrições alimentares? Embora o fantasma da APLV não estivesse mais em nossas vidas, essa pergunta ainda martelava na minha cabeça…
Bom, segui acompanhando os grupos de alergia, lendo relatos e divulgando matérias sobre o tema. E, nesse meio tempo, conheci a Carla Maia. A Carla é mãe de uma linda menina de 2 anos e 7 meses que tem alergia alimentar múltipla. Ela é consultora em inclusão alimentar e cozinheira profissional. A Carla ajuda pessoas que precisam se submeter a uma dieta restritiva a se reconectarem com o ato de cozinhar seus próprios alimentos e a desenvolverem receitas livres de alimentos alergênicos como o leite de vaca, ovos, soja e trigo. E foi ela que finalmente respondeu à minha pergunta. Ela me mostrou o que eu gostaria de ter aprendido lá atrás, porque teria sido tudo muito diferente. Foi através do trabalho dela no Menu Bacana que eu finalmente pude entender que é possível comer bem mesmo em situações de restrição alimentar.
Vivenciar essas dificuldades me mostrou o quanto as famílias de crianças com alergias alimentares precisam ser acolhidas.
E é com grande prazer que trago uma novidade hoje pra vocês: A Carla em breve vai lançar a primeira Escola Online de Cozinha Inclusiva. Esse curso será direcionado à todos aqueles que possuem necessidades alimentares especiais e a todos os profissionais que trabalham com essa população. É preciso que compreendamos melhor esse mundo da alergia alimentar, pra que possamos dar todo o suporte necessário a essas famílias.
Pra entender tudo o que vai acontecer nesse curso, é só se inscrever no minicurso ONLINE e GRATUITO que ela vai oferecer no período de 17 a 24 de abril. Nesse minicurso ela vai falar sobre produções culinárias especiais, sobre os princípios básicos da cozinha inclusiva, sobre as substituições de alimentos alergênicos, vai dar dicas práticas, desconstruir mitos e dar receitas fantásticas sem leite, sem ovo, sem glúten e sem soja. Eu to mega ansiosa pra assistir todas as aulas e acredito de coração que todas famílias de alérgicos MERECEM ter acesso a esse conteúdo.
Quer garantir sua vaga também nesse minicurso GRATUITO? É só clicar AQUI. E não esquece de compartilhar, tá?! Vamos espalhar essa notícia maravilhosa aos 4 ventos!
Um grande beijo e até a próxima!
Isa Crivellaro