O uso do bico de silicone tem gerado controvérsias dentre os profissionais que trabalham com amamentação. Muitas mães ressaltam aspectos positivos no uso do bico, principalmente em situações relacionadas à presença de dor ao amamentar, ou quando o bebê por algum motivo têm dificuldades em fazer um abocanhamento adequado da mama ou manter um padrão de sucção no seio, soltam o seio, choram e se debatem.
Uma revisão sistemática sobre os efeitos do uso do bico de silicone realizada por McKechnie e Eglash (2010) publicada no Breastfeeding Medicine evidenciou que as pesquisas publicadas sobre o tema não fornecem evidências sobre a segurança e efetividade no uso deste utensílio. Grande parte dos estudos não são randomizados e apresentam muitas falhas no que diz respeito a sua metodologia ou tamanho amostral, que em geral, é pequeno. Além disso, dados importantes como produção láctea, idade da nutriz, paridade, peso do bebê ao nascimento, idade gestacional, tempo de aleitamento e dados sobre o crescimento do bebê e produção láctea a longo prazo não são considerados e/ou relatados.
Mas afinal, ele ajuda ou atrapalha?
Na minha prática, o que vejo é que em determinadas situações eles podem ajudar nos primeiros dias, contudo, a médio e longo prazo podem trazer, e trazem com muita frequência, consequências que se refletem principalmente no ganho de peso do bebê. E porque? A produção de leite está intimamente relacionada ao esvaziamento da mama, ou seja, quando o bebê esvazia a mama o corpo da mãe entende que mais leite deverá ser produzido. Nesse sentido, percebemos que o bico de silicone se constitui como um “empecilho/barreira” entre a boca do bebê e a mama, que por vezes atrapalha a pega, uma vez que, com ele, o bebê não consegue abocanhar a aréola como deveria e, consequentemente, esvaziar a mama de maneira efetiva. A consequência disso é um uma ingesta inadequada do leite mais calórico do final da mamada pelo bebê e um decréscimo gradativo da produção láctea.
O que fazer então nesses casos?
Tentar ir retirando o bico gradativamente, a medida em que o bebê vai aprendendo a mamar com mais eficiência. E lógico, fazê-lo o quanto antes. Quanto mais tarde isso acontece, em geral, mais difícil a retirada. Caso tenha dúvidas a cerca do processo, procure um consultor em amamentação pra te ajudar!
Até a próxima!