Oi mamãe, acabei de chegar e, assim como você, estava muito ansioso (a) pra te conhecer. Não sei ainda muito bem porque, mas a verdade é que é no seu colo me sinto protegido. Talvez seja seu cheiro, sua voz, ou as batidas do seu coração que me trazem essa sensação de porto seguro, afinal, já conheço eles há um tempão. Já não fico mais apertadinho e isso, por vezes, me deixa inseguro. Esse espação todo ainda me assusta e seu colo me faz lembrar de como era lá dentro.
Tem também uma outra coisa que me intriga: antes eu não precisava fazer nada, e tudo o que eu precisava pra crescer e me desenvolver dentro da sua barriga estava lá, disponível, 24 horas por dia. Agora sinto uma coisa estranha na barriga, de tempos em tempos, e não sei muito bem como parar de sentir isso. Mas, pra minha sorte, você sabe. Como você pode ser tão incrível? O mais louco dessa história toda é que, quando você chega com seu tetê, não é só comida que eu ganho. Te confesso: mamar me faz tão bem que penso se um dia vou conseguir viver sem ele… mas isso é conversa pra outro dia.
O que quero te pedir, mamãe, é que tenha paciência nesses primeiros dias. Comigo e principalmente, com você. É tudo muito novo pra nós dois. Ainda não sei lidar com todas essas sensações, estou aprendendo como mamar, como dormir e vou pedir muito sua presença, seu peito e seu colo e eu sei que, por isso, você vai ficar cansada, com seu sono todo bagunçado e pode até ser que você esqueça ou não dê tempo de escovar os dentes.
Talvez esses primeiros dias, mamãe, não estejam sendo aquilo que você imaginou, mas acredite, é assim na maioria das famílias, o grande lance é que quase ninguém conta. Por isso, não se sinta um ET se tiver vontade de chorar. Permita-se. Mas se você sentir uma tristeza muito grande aí dentro, talvez seja legal você buscar ajuda. Não é vergonha pedir ajuda.
Você está aprendendo um monte de coisa e eu também e, acredite, nos escolhemos pra viver essa aventura juntos. A verdade, mamãe, é que eu não preciso de uma mãe perfeita. Eu preciso de você do jeito que você é, sendo o melhor que você pode ser. Isso me basta.
Texto: Isa Crivellaro