Resolvi escrever sobre esse assunto pois recebi uma questão sobre na semana passada quando abri a caixa de perguntas aqui na página. Não respondi no dia pois achei que o tema merecia um texto mais detalhado, afinal, esse é um quadro delicado e sei o quanto isso pode ser doloroso pra qualquer mãe. Muitas mulheres não falam sobre o assunto, justamente por sentirem-se envergonhadas, afinal, quem fica à vontade em dizer que se sente desconfortável e, em muitos casos, com raiva da criança, enquanto amamenta?
A perturbação da amamentação é um fenômeno que algumas mães que amamentam experenciam, que envolve a presença de sentimentos negativos como raiva, agitação, irritabilidade, e culpa (em geral depois), juntamente com pensamentos intrusivos quando um a criança está mamando no peito (Yate, 2017). Obviamente, esses sentimentos não são esperados e desejados, e grande parte das mães que passa por isso gostaria de seguir amamentando.
Esses sentimentos parecem estar especificamente relacionados à amamentação e podem incluir, de maneira geral, mas não se limitar à: querer “fugir”, desejo incontrolável de interromper a mamada, desejo de “beliscar” o bebê pra que ele pare de mamar, ou pensamentos e sentimentos sobre “ser tocada”. Esses sentimentos vão embora depois que a criança pára de mamar ou solta a mama.
O fenômeno existe em grau de durações variadas, estando dentro de um espectro que é individual para cada mulher, sendo o início e severidade imprevisíveis. Contudo, a expressão ou manifestação da aversão é similar, com mães descrevendo sentimentos e pensamentos geralmente utilizando exatamente as mesmas frases (Yate, 2017).
Amanhã falarei sobre outros aspectos dessa condição e também sobre possíveis intervenções nesses casos.
Vocês conseguem imaginar o quão sofrido é passar por isso? Se você acredita que alguém possa se beneficiar dessas informações, marca ela aqui embaixo ou envia esse post por direct. Quem passa por isso precisa ser acolhida e saber que não está sozinha ?
Isa Crivellaro
Fonoaudióloga e IBCLC